O Hospital Municipal Dr. Moyses Deutsch (HMMD) está localizado na zona sul de São Paulo, no bairro do Jardim Ângela, região predominantemente vulnerável e realiza em média 150 mil atendimentos de emergência/ano. Devido ao perfil dos pacientes (traumas, hepatopatias), entendeu-se a necessidade de criar um processo para identificação e manejo de choque hemorrágico. Com isso, em março/2020 foi implantado o código hemorrágico, onde 7 equipes multidisciplinares são envolvidas simultaneamente para o atendimento ágil do choque.

De janeiro/2021 a março/22, tivemos 6 eventos catastróficos relacionados a falha/atraso na identificação do choque hemorrágico, o que corresponde a 1 óbito a cada 1 mês e meio. Além disso, analisando a série histórica, o tempo médio de identificação do choque era 84 minutos.

O objetivo inicial do trabalho era aumentar os dias entre os eventos catastróficos de 41 para 365 dias no HMMD até março/2023.

No escopo do trabalho, incluiu-se todos os pacientes adultos, a metodologia utilizada foi o modelo de melhoria e para avaliação dos impactos das intervenções, gráficos de controle.

As ideias de mudanças testadas foram o empoderamento do enfermeiro para o acionamento do código, construção de ferramenta de apoio para o médico em prontuário eletrônico, implantação de nova tecnologia (ramal móvel) e aplicação do TWI (training within industry) como método de ensino.

Após a implantação das mudanças, o resultado foi alcançado e sustentado, no período de março/22 à fevereiro/24, reduzimos o tempo médio de identificação do choque de 84 para 20 minutos, aumentamos a identificação da suspeita de choque de 71 para 98% e o acionamento adequado do código de 47 para 85%. Além disso, reduzimos a taxa de letalidade de 27 para 14% e estamos há 732 dias sem eventos catastróficos. Com isso, impactando positivamente 36 vidas.