As habilidades sócio-emocionais são competências fundamentais para a liderança do século XXI. Oferecer capacitação para o seu desenvolvimento representa um grande desafio frente à realidade das organizações com sobrecarga de trabalho, pressão por resultados, gestão de conflitos, falta de segurança psicológica e elevados índices de adoecimento mental. Descrevemos um programa baseado em tecnologia humana para o desenvolvimento e fortalecimento de habilidades sócio-emocionais da liderança, seus resultados e impactos.

O programa baseia-se na medicina integrativa que tem foco na pessoa e no autocuidado, na relação de parceria entre profissional da saúde e pessoa e usa práticas integrativas informadas por evidências. São 18h de encontros semanais por 8 semanas, em grupo, conduzido por 2 facilitadores (terapeuta integrativa e profissional da saúde), com letramento em saúde e bem-estar, práticas de mindfulness, compaixão e autocompaixão, ‘cultivating emotional balance’, visualização guiada, comunicação não-violenta com o objetivo de instrumentalizar as lideranças com ferramentas de autocuidado e autogestão de estresse.

Realizadas duas turmas (coordenadores T1 e enfermeiros seniores T2) de atenção primária do cuidado público. T1 - 28 participantes, frequência média 69,1%, satisfação 4,81/5, NPS 95; T2 - 24 participantes, frequência média 80,1%, satisfação 4,87/5, NPS 98. A autoavaliação de estresse evidenciou redução das pessoas na zona de fadiga (T1 37 para 28%; T2 36 para 4%) e aumento na zona de autodesempenho (T1 0 para 39%; T2 8 para 38%). Na autoavaliação de gerenciamento de estresse houve redução das pessoas no nível ruim (T1 37 para 6%; T2 40 para 13%) e aumento no bom (T1 63 para 72%; T2 52 para 71%) e no ótimo (T1 0 para 22%; T2 8 para 16%). Através da análise qualitativa e matriz SWOT identificamos temas relacionados às forças, fraquezas, ameaças e oportunidades. O relatório foi apresentado para gerência, RH e participantes.

Este programa atua no nível secundário de intervenção de saúde mental , de caráter defensivo com o objetivo de reduzir os efeitos adversos do estresse ajudando a construir conhecimento, habilidades, recursos para enfrentamento de situações estressantes. Além disso, esta abordagem integrativa possibilitou um vínculo de confiança entre os grupos e os facilitadores com um ambiente de segurança psicológica para o compartilhamento de temas e situações sensíveis permitindo a identificação de fatores de risco psicossociais que podem ser trabalhados com intervenção de nível primário que é proativo e tem como objetivo dereduzir fatores de risco ou exposição aos estressores antes que os funcionários apresentem sintomas de estresse ou adoeçam.